segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Laranjeiras - Cultura e história

A concentração de igrejas numa pequena área da cidade é de chamar atenção. Tão logo que o visitante chega, o calçadão secular de pedras em meio a trapiches e prédios históricos formam um conjunto arquitetônico de tirar o fôlego. Totalmente restaurados, os prédios abrigam hoje um campus da Universidade Federal de Sergipe e reflete parte da história dos séculos passados. Mas isto é apenas o começo.

Ruas, casarios, igrejas, tudo respira a época do Brasil colônia. Laranjeiras, situada a 18km de Aracaju e Patrimônio Histórico e Cultural de Sergipe, tem muita história para contar. A cidade já foi uma das mais importantes de Sergipe, berço da educação, política e da economia. O município só não se tornou a capital de Sergipe por conta de uma manobra política do Barão de Maruim, que transferiu a sede de São Cristóvão para Aracaju.

As terras pertenciam a Freguesia de Socorro e naquela região foi construído um pequeno porto às margens do Cotinguiba, que ficou conhecido como Porto de Laranjeiras. A movimentação pelo rio Cotinguiba era intenso e, logo, o porto passou a ser parada obrigatória. Em torno dele o comércio ganhava espaço, principalmente a troca de escravos. Mas a partir de 1637, o pequeno povoado das Laranjeiras também sofreu com os ataques e depois com o domínio holandês, deixando traços bastante expressivos no município. Muitas casas foram destruídas, mas o porto, um ponto estratégico, foi preservado.

Ao andar pela cidadezinha com cerca de 25 mil habitantes, os vestígios dos séculos XVII, XVIII e XIX são latentes, como o Quarteirão dos Trapiches, os prédios do Museu de Arte Sacra, Museu Afro, Casa de Cultura João Ribeiro, Escola Zizinha Guimarães, Teatro Santo Antônio, Teatro São Pedro, o Mercado Municipal e a Ponte Nova, todos atrações turísticas da cidade.

O Quarteirão dos Trapiches foi totalmente reformado pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), com sua grande estrutura arquitetônica que remonta ao século 19, é composta por sete edificações: Trapiche Santo Antônio, Antiga Exatoria, Sobrado 117, Casarão 159, ruínas ao lado do Casarão 159 e ruínas em frente ao mercado. Trata-se do mais importante conjunto arquitetônico do sítio histórico urbano de Laranjeiras.

O regime escravocrata também deixou marcas na construção populacional e cultural de Laranjeiras e tão logo caminhando por suas ruas se percebem traços da miscigenação, além das manifestações culturais e folguedos da região, como o Caboclinho, o Lambe-sujo, Reisado, Taieira, São Gonçalo, que costumam animar festas e feiras, entre elas o Encontro Cultural de Laranjeiras, evento que existe há mais de trinta anos. Lanjanjeiras também possui o Terreiro Filhos de Obá, de origem Nagó e que é tombado pelo Governo de Sergipe, por manter a religiosidade e tradições afro no Brasil.

Os grupos foclóricos costumam se apresentar na feira montada na praça central em todo primeiro domingo de cada mês. Também é possível visitar a Casa do Folclore, onde há indumentárias e informações sobre eles.

Há ainda o Centro Histórico de Tradições, bom lugar para procurar informações sobre as apresentações e conhecer um pouco da história da cidade. A própria sede é um galpão do século 19 que funcionava como alojamento de escravos e depósito de produtos. O local era estratégico para exportação, por estar às margens do rio Cotinguiba, que corta a cidade, então conhecida pelos engenhos e plantio de cana-de-açúcar.

As igrejas são outras atrações do município, muitas delas distantes da sede, mas que vale a pena a visita por seu contexto histórico e cultural. São mais de 12 igrejas refletindo a contribuição dos jesuítas para a região. São elas: do Retiro (1701); de Nossa Senhora da Conceição da Comandaroba (1734); de Nossa Senhora da Conceição dos Pardos (1843); a Igreja Presbiteriana de Sergipe (1884); a Igreja do Bonfim; Igreja Matriz Sagrado Coração de Jesus (1791); a capela de Sant’aninha (1875); Igreja Bom Jesus dos Navegantes (1905); Igreja de São Benedito e Nossa Senhora do Rosário; Igreja Jesus, Maria e José (1769);

As igrejas do Sagrado Coração de Jesus e de Bom Jesus dos Navegantes localizam-se em pontos privilegiados da cidade, que reverenciam também, além da arquitetura e de seus altares, a vista panorâmica da cidade.

A Igreja de Bom Jesus dos Navegantes fica no topo de um morro e vê-se toda a cidade cortada pelo rio Cotinguiba. Ao descer e caminhar pela cidade, outras igrejas vão se revelando ao visitante. A Igreja Matriz Sagrado Coração de Jesus e a Igreja Nossa Senhora da Conceição da Comandaroba estão entre as mais mencionadas e dão uma idéia da influência dos jesuítas e do catolicismo na história local.

Outra opção é entrar na antiga casa da Praça Heráclito Diniz Gonçalves, onde hoje funciona o Museu de Arte Sacra, com imagens de santos e seus nomes. O Museu Afro Brasileiro também fica no centro da cidade e exibe um acervo de fotos, documentos e telas sobre a cultura africana.

Há ainda a Casa de Cultura João Ribeiro, em homenagem ao escritor e poeta sergipano e outras casas históricas que se pode conhecer durante uma caminhada. Fora do centro da cidade, há algumas atrações naturais como a Gruta da Pedra Furada, cercada de história de fuga de escravos, e a gruta Matriana, bem como o hotel fazenda Boa Luz, que reúne um parque aquático, com shows rurais e um mini zoológico.

2 comentários:

  1. Oi Luiz, dei uma passadinha aqui para ver o blog.
    Depois te falo o que achei.
    Grande abraço

    Suyene Correia

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  2. Oi Ju adorei o blog, aproveite para fazer uma contagem regressiva para a festa do lambe-sujo, coloque umas fotos massas q vai ficar legal.
    Um abraço! Dani

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